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Festa Do Fórro, Dois anos De Forró no Sítio



Carlos Kotty 25/Outubro/2007

Festa do forró


Forrozeiro do bom conhece todos os lugares para dançar agarradinho. Nesse roteiro, se destaca o Forró no Sítio. A casa que sempre recebe grandes bandas, hoje, abre as portas para comemorar seus dois anos. E, não faz por menos: no palco tem Aviões do Forró



Há dois anos o Forró no Sítio virou o ´point´ da galera que curte o mais nordestino dos gêneros musicais. Sábado à noite o encontro dessa turma tem endereço certo. Para muita gente, a casa, ou melhor, o ´Sítio´, virou o cenário de muita história para contar em meio ao arrasta-pé.



´Roça Rossa do Sirigüella´, ´São João do Forró no Sítio´, ´Festival no Sítio´, ´Feijoada do Aviões´... Até a turma das micaretas usou o espaço para dançar e cantar ao som da Banda Eva, que marcou presença no local, em maio deste ano.

Além do forró, outros ritmos contagiantes dão o tom às festas da casa. Exemplo? As apresentações do grupo Mesura, Mr. Babão e Banda Calypso. O que vale é usar a pista para se divertir. E na festa de hoje não será diferente. O forró se mistura ao suingue baiano para comemorar dois anos de sucesso.



Atrações



Quem aporta no palco é Solange Almeida e Alexandre, da Aviões do Forró. A banda, que já tem passaporte carimbado na casa, mostra ao público os sucessos de seu novo CD. Eles dividem o palco com a banda Forró Balancear. E, se é pra dançar agarradinho, a pedida é o Forró do Muído. Tá bom ou quer mais? Pois ainda tem Mr. Babão e os sucessos ´chicleteiros´.

Para deixar o público ainda mais à vontade, a festa acontece no estacionamento do Forró no Sítio, que contará com um amplo espaço para a apresentação das bandas, além de quiosques de lanches. Ou seja, está tudo pronto para receber 20mil pessoas.



Quem preferir, pode optar pelo Camarote do Forró no Sítio. É mais um espaço onde o público encontra conforto, descontração e, claro, gente bonita. Agora, é se só preparar para a maratona porque a comemoração não tem hora para acabar.



Mais informações:




Aniversário de 2 anos do Forró no Sítio, com as bandas Aviões do Forró, Balancear, Forró do Muído e Babão. A partir das 22h, no Forró no Sítio (Av. Cícero Sá, s/n Eusébio). (3295.7868).


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FONTE Diario Do Nordeste


A cantora Pitty foge dos estereótipos fajutos da mulher baiana como o diabo da cruz.



Carlos Kotty 17/Outubro/2007

Miss Brasil 2000


A cantora Pitty foge dos estereótipos fajutos da mulher baiana como o diabo da cruz. Nada daquele tipo feito à base de axé music, danças vulgares e roupas sensuais. Principal nome feminino do rock na atualidade, já gravou dois discos de estúdio com sua banda e acaba de soltar no mercado seu primeiro registro ao vivo (em CD e DVD) - ´{Des}concerto - ao vivo 06.07.07´. Nesta entrevista, ela fala sobre o lançamento e a carreira


Depois de lançar dois discos de estúdio, você optou por fazer um registro ao vivo. Qual o significado deste disco para você?


Na verdade, as pessoas estão recebendo este material de forma equivocada. Não gravei um disco ao vivo. Gravei um DVD. Então, este não é o terceiro disco da banda, e sim nosso primeiro DVD. O CD é só mais um formato para atender à necessidade das pessoas, tem gente que quer ouvir no carro, no som do quarto... Mas o foco da parada é o vídeo, que registra esse momento da banda, depois de muito tempo na estrada, uma turnê emendada na outra. Ele marca a conclusão desta primeira fase.


Na história do rock, alguns registros ao vivo (em áudio e vídeo) tornaram-se clássicos. Há algum que tenha lhe marcado?


Muitos. Na minha época de adolescente, o lance ainda era fita de vídeo, a velha VHS. Sempre que podia, pegava os shows das bandas que gostava pra ver. Ainda hoje, faço questão de assistir estas apresentações. Principalmente, dos artistas que não tenho acesso. Muita banda gringa que não faz show no Brasil. De disco ao vivo, eu lembro muito daquele do Faith no More, “Live at the Brixton Academy” (1990). Era um disco foda.



Sempre evito ler outras resenhas, antes de escrever sobre um disco. Entretanto, não consegui fugir de uma que saiu no portal G1 por conta do título. Nela, diziam que seu disco era a cara da ´década perdida´ do rock nacional. Como você avalia o atual movimento do rock no Brasil?



Também não costumo ler esta parada. Sei lá, acho que não acrescenta muito. Mas esta que você tá falando, eu sei. Alguém me passou por e-mail. Eu entendi o ponto de vista dele e não vi a resenha como pejorativa. Ele comparou a gente com Planet Hemp, Raimundos e toda aquela galera que deu uma cara diferente ao rock nos anos 90. Acho que ele se referia ao fato de sermos um pouco anacrônicos. Ele acha que estamos mais próximos desse contexto do que do atual rock brasileiro: essas bandas de hardcore melódico, que uns chamam de emo. Não fazemos parte desta cena. Acho que isso tem a ver com o fato de sermos da Bahia. Em Salvador, nunca houve um movimento musical (de rock), como o Mangue Beat de Recife. Todo mundo era muito distinto. Só para você ter uma idéia, antes de formarmos a banda, eu tocava num grupo de hardcore e os menos em bandas de psychobilly, metal e rock alternativo pesadão. Cada um na sua. Mas não acho ruim esse lance de ser anacrônico ou não. O que importa é que a gente se amarra no que faz e faz de verdade.



Entendo. Mas quando ele falou em ´década perdida´, achei que passou por cima de muitas características da cena atual. As bandas independentes estão conseguindo se projetar de uma forma incrível e abriu-se a possibilidade para aparecer artistas como você, o Cachorro Grande e Mombojó. Não estão nas ´garras´ de uma major, mas têm uma estrutura bem melhor que a dos independentes?.



Pô, quando você tava falando ai, percebi que um monte de coisa na minha vida é um limbo. É atípico. Muita gente vê a Deck como uma major, trata a gente de forma diferente. Tem até quem implique porque a banda se chama Pitty, que é meu nome. Quanto à gravadora, acho do caralho estar num lugar onde comando minha obra. Claro que a coisa não é tão simples. Não sou só eu quem trabalha, somos uma banda e tem muita gente envolvida. Mas se acontecer uma merda, a culpa é minha e se der certo, também. Tem meu dedo em tudo. A gente trabalha de forma realista. A projeção de venda é humilde, então vamos trampar de forma humilde. Mas dá pra fazer.


O que você acha de ter seu nome sempre ligado ao público adolescente?



Normal, não vejo isso como um problema. A gente tá sempre se encontrando, experimentado coisas novas.

Quem nunca teve uma fase metal ou uma fase hippie? Isto tudo é uma questão de busca, algo perfeitamente compreensível. Não entendo as pessoas que falam do adolescente curtir rock como algo pejorativo. Tava lendo um livro - “A História Social do Rock” - em que o cara fala que o jazz era uma música da galera jovem. Quando pintou o rock, o jazz virou música “sofisticada” e passaram a desmerecer o rock com “coisa de jovem”. Quem promoveu esta revolução cultural dos dias de hoje foram os jovens e acho isso demais. Ainda tenho muitas coisas de adolescente em mim e não quero perdê-las.


O DVD e o CD ao vivo “{Des}concerto” confirma as boas qualidades da baiana Pitty e da banda que leva seu nome. Sua música é honesta (e aqui peço perdão pelo uso de uma palavra gasta pela jornalismo musical) e sua performance a coloca no topo, se pensarmos no atual momento do rock brasileiro.

Enquanto muitos fazem pose de grandes artistas e fazem discos para o tipo “universitário intelectualóide”, Pitty aposta na melhor tradição do rock. Aquela que grita “É apenas rock´n´roll, mas eu gosto”, fazendo coro a Mick Jagger. A música de Pitty diz mais ao corpo do que à cabeça.

Não que suas canções sejam acéfalas, mas há mais coisas a se fazer na vida do ser militante político. Assim, consegue falar com os adolescentes em um outro nível. Não dá aulas de sociologia de botequim, nem os aflige com choramingos vulgares, tal qual bandas como CPM 22 e NXZero.

Isso tudo pode ser visto na performance da moça no palco do Citibank Hall, casa de shows paulista onde foi gravado o show do DVD/CD. Acompanhada de sua banda (afiadíssima), a cantora despeja as canções que conseguiu emplacar. Assistindo à apresentação, fica claro que “Admirável Chip Novo” (2003) e “Anacrônico” (2005) foram gravados para serem tocados ao vivo. As faixas títulos dos dois álbuns abrem o show. Seguidas dos hits “Semana que vêm”, “Dejá Vu”, “Memórias”, “Equalize”,...

Além de seus hits, a banda ainda apresenta duas músicas novas - “Malditos cromossomos”, um rock estranho, pesado, um tanto lento e com uma levada meio quebrada; e “Pulsos”, um rockão tradicional.

Os destaques do disco, entretanto, são as “velharias”: a versão épica de “Anacrônico” (com climão de Marilyn Manson), “De você” (do segundo disco) e “Equalize” (canção que revelou a moça). A produção ficou com Rafael Ramos (Cachorro Grande, Matanza e João Donato). O rapaz mexeu pouco. Deixou o disco cru e, assim, conseguiu registrar, com fidelidade, como a moça soa no palco.

DVD/CD

"{Des}concerto"
Pitty
18/17 faixas
R$ 20/35
DECKDISC
2007


FONTE Diario Do Nordeste